Tudo correndo tranquilamente, a passagem do Sr. Cobra Coral me emocionou particularmente pela admiração ao trabalho que o mesmo desenvolve, depois os marinheiros, boiadeiros mesclado com todos outros que quisessem ali prestar a caridade, observando isso fui abordado pelo Sr. Boiadeiro que dirigia a gira:
- Moço, o que enriquece nossa religião?
Como sempre as entidades nos fazem perguntas de difícil resposta imediata, como responder esta simples pergunta quando a resposta é tão vasta, ainda quando amamos esta maravilhosa Umbanda, me arrisquei:
- Sr. esta é uma pergunta de ampla resposta.
- É a nossa mescla, a mistura de raças, valores, crenças, cores, classes etc. Veja a gira, temos Zé Pelintra, Boiadeiro, Baiano, Exu, Marinheiro, Cigano, todos juntos trabalhando. Pra quê estipular um dia para cada linha se todos podem dar as mãos e fazer um trabalho melhor? – dito isto ele virou as costas em direção ao seu posto ao que ainda olhou pra trás e disparou: - Pense nisso moço!
Como não pensar, estava ali nos meus olhos a beleza deste conceito, a unidade na diversidade, isto que honra e justifica o termo Um-banda.
Assim foi correndo a gira...
Logo mais os mentores de despediam, finalizando com o baile da Cigana, seu nome é amor, como canta irmão Hans, palmas que vibraram o ambiente e foi-se a cigana correr seu trecho.
Chegou o grande momento, a presença da Baiana e falangeiros...
Irmão Scritori e Bárbara vibram finalmente o couro e tudo muda naquele ambiente ao som do ponto: “...Baiana seu tabuleiro tem axé...”
Ao pé do altar uma imensa oferenda de cocos verde, frutas e flores amarela, 21 velas amarelas e sete copos de bambu com batida de coco, dois coqueiros no vaso faziam uma espécie de pilastra, isto era o que olhos da carne permitiam observar, porém o manto amarelo vivo que cobria parte da oferenda, ao som do atabaque puxou pra si as chamas das velas e uma intensa luz começou a se formar e um arco de luz unia as pontas nos coqueiros, das flores uma fumaça luminosa se dissipava no ambiente, logo percebi ser o prâna e então um portal de intensa luminosidade se formou de onde saiu aquela bela morena, passo seguinte conectada na Sra. Adelaide, seu aparelho.
Alguns emocionados, com o rosto brilhante ela saúda o seu portal, ou as oferenda? Depende do ponto de vista, hehehe...
Vira-se á curimba e reverencia, talvez o toque ou aqueles dois que viste nascer e ali já adultos podiam tocar e cantar à ela. Da sua saia que no físico tinha sete cores em camadas o que não foi possível observar no etérico, ela se envolvia por luzes circulantes, multicolorido sem parada, fluxo acelerado e mais parecia um organismo vivo, pois daquela “saia” realmente muita mironga saia, a cada um que ela abraçava a saia envolvia de luz e a emoção era incontrolável, após abraçar a todos ela já até poderia ir embora, pois todo o trabalho de energização já estava feito...
Sentou-se e um a um prestou suas palavras de orientação e conforto que mexia com o coração e as lágrimas eram inevitáveis...
“A Umbanda é linda pra quem sabe trabalhar...”
Não pude ficar até o encerramento do trabalho...mas ainda pude ver a chegada dos baianos e com a presença do Mestre Severino que com um atabaque fazia ressonar o som de sete ao mesmo tempo...
Ali tentei plantar uma semente do saber no curso e saí com um coqueiral na minha alma...
Deixo meu fraterno abraço a todos da Toca da Coral, Bonfá com sua inspiração a nos emocionar, Scritori com seu espírito ordenador a nos honrar, Miguel com visão a nos clarear e Adelaide com seu Sacerdócio Natural a nos abençoar...
Aqui declino minha gratidão e singela homenagem á Baiana, Maria das 7 Saias...
Saravá! Salve a Bahia!
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