- É PRA BAHIA, MEU PAI!
A Linha dos Baianos é formada por Espíritos alegres, brincalhões e descontraídos. Gostam muito de desmanchar demandas. São conselheiros e orienertadores e gostam muito dos rituais em que trabalham, girando e dançando com passos próprios.
Agradecem às festas que lhe são oferecidas; bebem batida de coco e comem comidas típicas da cozinha baiana.
Os Baianos que se apresentam na Umbanda são Espíritos ligados ao Nordeste do nosso País, que viveram ou passaram parte de sua vida em Estados dessa região. Tiveram suas lições e aprenderam muito com os Mestres do Catimbó e da Pajelança. São os Espíritos responsáveis pela “esperteza” do homem em sua jornada terrena.
O Povo Baiano vem ao Terreiro para trazer seu Axé, sua Energia Positiva. A gira é sempre muito animada. São Entidades que tem muito a nos ensinar, sempre com uma resposta certeira e rápida para nossas questões. Com seus cocos, azeite de dendê, comidas e cantigas típicas da região, realizam trabalhos em prol da evolução espiritual de todos. Por terem vivido em épocas mais recentes, são Espíritos mais próximos de nós.
Na Linha de Baianos, enquadram-se também os Espíritos de Marinheiros, que tem sua ligação com o mar e Iemanjá, e os Caboclos Boiadeiros, que foram trabalhadores do Sertão Nordestino.
Também desce na Linha de Baianos o nosso amigo Sr. Zé Pelintra, que é Mestre do Catimbó e que também trabalha nas Linhas de Exu e Preto Velho. Suas rezas, comidas, bebidas e danças, são apropriados para cada ocasião.
No desenvolvimento de suas giras, os Baianos trazem como mensagem a forma e o saber lidar com as adversidades de nosso dia-a-dia, com a alegria, a flexibilidade, a magia e a brincadeira sadia.
Médiuns introspectivos, quando incorporados de seu Baiano ou Baiana acabam se libertando e demonstrando alegria e descontração. Outros, que já são descontraídos por sua própria natureza, aprendem a desenvolver com seus Baianos outras qualidades, como a força de viver diante dos problemas e situações cotidianas e o amparo ao próximo, transformando a tristeza em alegria e esperança. O que se pode dizer é que estamos sempre aprendendo com os Baianos.
As Linhas de Baianos, assim como as de Boiadeiros, são consideradas Auxiliares, de Trabalho ou Do Meio, com suas Legiões e Falanges. São oriundas de manifestações de regiões brasileiras dentro da Linha de Caboclos.
Baianos e Boiadeiros costumam trabalhar para o descarrego e o equilíbrio. O dia dedicado a eles depende de cada região, costume e devoção:
Dia 09 de abril, Sr. Zé Pelintra – Linha de Baianos, 25 de novembro, dia das Baianas, 13 de julho, Santo Antonio – Boiadeiros de Ogum etc.
MANIFESTAÇÃO DOS BAIANOS EM TERREIROS PAULISTAS
Nas décadas de 50 e 60, ao mesmo tempo em que a Umbanda se firmava em São Paulo, via-se crescer o fluxo migratório do Nordeste; esse grande êxodo acabou por transformar a cidade em uma das maiores metrópoles do mundo. Nesse grande fluxo destacaram-se os nordestinos, que vieram para trabalhar na Construção Civil e na Indústria Automobilística, então em grande expansão.
Popularmente, na cidade de São Paulo o nordestino sempre foi associado ao trabalho duro, pobreza e analfabetismo, restando a ele os bairros mais periféricos e as regiões mais precárias para morar.
Com todos os problemas decorrentes do exagerado crescimento populacional, sempre se buscou um “culpado”, todos sempre se voltaram contra o “intruso”, o “cabeça chata”, o ignorante nordestino.
Em São Paulo, assim como todo oriental é rotulado de “japonês”, todo nordestino é pejorativamente chamado de “baiano”, com todo caráter negativo que se tornou inerente a essa expressão.
Surpreendentemente, nos Terreiros de Umbanda paulistas o Baiano conseguiu alcançar grande popularidade. Como a Umbanda sempre caracterizou-se por abrigar Espíritos de diversas correntes, essas Entidades Nordestinas foram sempre muito bem acolhidas. O caráter de luta e irreverência do nordestino migrante parece ter sido o fator mais importante para sua aceitação dentro dos Terreiros.
Durante as giras sempre dão demonstrações de intensa alegria, apresentando fortes traços regionais, usando chapéus de couro ou palha, lembrando os Cangaceiros. Com seu jeito valente, não levam desaforo para casa. Por outro lado, possuem também características de pacientes, e todos gostam de ouvir seus conselhos. Costumam ser também carinhosos, e passam sempre segurança.
Essas diferenças de comportamento podem ser observadas em regiões distintas da cidade; enquanto num Terreiro de um bairro mais periférico observa-se uma incorporação de Baiano com características mais duras, em que parecem ser mais briguentos e falam muito alto, em um Terreiro localizado em um bairro de classe média a incorporação de Baiano é mais mansa e a Entidade manipula essências aromáticas, ervas, flores e velas coloridas. Sob esse aspecto, podemos observar que tudo vai depender da forma de trabalho do chefe da casa e de seus médiuns.
Apesar das diferenças, todos têm em comum a popularidade. São muito queridos e fazem sucesso em realidades sociais distintas.